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O alpinista Waldemar Niclevicz e as mudanças climáticas nas montanhas

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Waldemar Niclevicz no Ojos del Salado, Chile, segunda maior montanha das Américas

Waldemar Niclevicz lançou recentemente o livro ‘A história do alpinista que se dedicou a colocar o Brasil no topo do mundo’. Com três décadas de trajetória e duas grandes expedições narradas com exclusividade para a Rádio Eldorado, o entrevistei para meus programas nas Rádios Eldorado e Estadão.

Mas como no post anterior já tinha relatado sobre o estudo que mostra a rápida regressão dos glaciares no Peru, queria dividir este depoimento que retirei da conversa.

Aliás, não perca o papo inteiro no Planeta Eldorado,  quarta-feira dia 22 às 21h, pela Rádio Eldorado. Pode ser ouvido ao vivo aqui:  www.territorioeldorado.com.br

#testemunhasdoclima – Os alpinistas e escaladores experientes são testemunhas do clima. E com esta percepção do Waldemar Niclevicz estreia este espaço no blog.

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“Paulina Chamorro – Você chegou recentemente do Peru. Quais as mudanças significativas que você tem visto nas montanhas da América do Sul?

Waldemar Niclevicz - Com certeza absoluta, isso é notável em qualquer lugar do mundo. Os efeitos do aquecimento global nas montanhas são chocantes. Eu já tenho quase 30 anos de alpinismo. Geleiras dos Andes que conheci há 28 anos já retrocederam cerca de dois ou três quilômetros. Isso é algo irreversível, pelo menos na nossa escala humana. Pode ser reversível daqui a 10 mil anos, mas nos próximos 100, 200 anos a tendência é que este retrocesso continue, causando a extinção das fontes d´água. Perde-se biodiversidade e as condições para nossa sustentabilidade. Vários povos andinos estão mudando de vale porque não tem mais fonte de água. Os glaciares desaparecem do alto das montanhas, as fontes d’água que existem na base desta montanha acabam desaparecendo também…

No livro eu coloco a foto das nascentes do rio Amazonas, que é num vulcão que chama Mismi  no Peru, que esta a 4.800 metros de altitude. Se o Mismi perde sua neve e seus glaciares provavelmente estas nascentes estarão numa altitude mais baixa, e o comprimento do Rio Amazonas fique menor.

Uma coisa que vale notar com relação às mudanças climáticas e aquecimento  global, é a  relação destes temas com relação às montanhas. No Brasil não temos glaciares, mas temos a Serra do Mar. Temos  montanhas que tem vegetação  no  seu topo. E esta vegetação cumpre o  mesmo  papel do que os glaciares: é a nossa reserva de água.

Isso tudo é mais dramático para a gente que ama a natureza e sente na pele mesmo. Às vezes as pessoas na cidade não  estão se dando conta disso, que a devastação e o  aquecimento continuam num ritmo  extremamente acelerado. Os animais  e a vegetação percebem isso com mais facilidade.E a gente que está na montanha observando os animais e a vegetação, se dá conta que  alguma coisa, talvez um indicador que só se alteraria em centenas de anos, alterando-se em apenas dezenas de anos. Estamos indo  em direção  a um colapso.”

Sobre o novo livro de Waldemar Niclevicz: http://obrasilnotopodomundo.com.br/

Sobre o alpinista: http://www.niclevicz.com.br/

Niclevicz no vulcão Mismi, numa das nascentes do Rio Amazonas.


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